quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E mais uma vez Sarney mente

Foto: Wilson Pedrosa / AE

Em seu discurso de quase 50 minutos, ontem, no Senado, o seu amigo José Sarney conseguiu um recorde: falar o maior número de besteiras no menor espaço de tempo. Nunca ninguém no Senado conseguiu o que Sarney conseguiu ontem. E olha que lá a briga por esse recorde é feia.

Claro que esse negócio de recorde é brincadeira, mas como aponta reportagem do jornal O Estado de São Paulo dessa quinta-feira, "O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tentou confundir os senadores no seu discurso ontem em plenário. Durante os 48 minutos em que apresentou sua defesa para as denúncias contra ele no Conselho de Ética, cometeu uma série de deslizes".

E continua:

"Num jogo de palavras, misturou duas investigações da Polícia Federal para insinuar que as gravações divulgadas pelo Estado no dia 22 de julho - em que ele negocia a nomeação do namorado da neta - poderiam ter sido montadas. Os áudios publicados no jornal são autênticos, do começo ao fim de cada telefonema, sem edição, e a voz de Sarney é real".

E isso é só o começo moçada. A reportagem que pode ser vista na íntegra aqui, transcreve frase por frase do discurso do ex-futuro ex-presidente do Senado e destaca aquelas afirmações que são falsas. Olha um exemplo bonito. Sarney disse:

"Aguentei 12 mil greves, sem que nunca tivesse pedido um dia de prontidão militar, e crescemos, àquele tempo, a números que até hoje não se repetiram. Criamos uma sociedade democrática que, num sistema de capilaridade, penetrava em todas as camadas".

O jornal comenta: "Em 1988, quando os metalúrgicos de Volta Redonda (RJ) entraram em greve e ocuparam a Companhia Siderúrgica Nacional, o então presidente Sarney enviou o Exército para reprimi-los. No conflito, três jovens operários foram mortos e 31 saíram feridos".

Impressionante a cara de pau do seu amigo né? O mais legal da reportagem é o título: "Discurso de Sarney manipula dados". Isso aí Estadão, sem aliviar.

Já no outro lado...

Na Folha On-line, a reportagem que também fala sobre o discurso do bigodudo, tem a seguinte manchete: "Sarney nega atos ilícitos e vê campanha para desestabilizá-lo; leia íntegra do discurso". A capa do jornal nas bancas tem a manchete: "Sarney obtém 1ª vitória no Senado".

Parabéns Folha de São Paulo. Na ditadura ficou do lado deles, enquanto o Estadão colocava receita de bolo e Os Lusíadas na primeira página. Agora o tem como colunista e usa umas manchetes bem simpáticas quando ele é o assunto. E o texto que segue não chega nem perto da verdade. Assim você vai longe Folha! Longe da moral e da ética no jornalismo.


Foto: Celso Junior / AE

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