quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Guimarães Rosa

"A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem".



domingo, 23 de agosto de 2009

Quanto valem as árvores às três da manhã?

O telefone tocou às três da manhã. Atendeu. A voz do outro lado disse que estava com sua filha. Voz firme, não era uma voz conhecida. Prosseguiu. Ela tá aqui amarrada. Se a senhora não der o que a gente quer até o meio dia, adeus.

Não gostava de ser chamada de senhora. Mas isso era o de menos. Estaria pálida, imaginou, pois sentiu um formigamento na face. Começou a tremer. Sua filha havia saído com amigas e voltaria sozinha, de táxi.

Perguntou o que queriam. Pagaria o que fosse preciso. E o que pudesse, que era bastante. Quarenta e nove árvores na Rua Carlos Streach Motta, número 104, um terreno baldio, há muito abandonado pela prefeitura.

Árvore... de que tipo? Tem uma lista na caixa de correspondência da senhora, responderam. Senhora de novo. Foram cuidadosamente selecionadas. Algumas mais baixas, outras mais altas. Com uma capina e cuidados esporádicos, o lugar ficaria muito belo. Mas disso, cuidavam eles. Só queriam as mudas.

Quem ficou muda foi ela. Árvores... não seria mais simples o dinheiro? Quanto valem as árvores? Antes do meio dia o dinheiro estaria no banco, em uma lata de lixo, um beco, onde quisessem, o quanto quisessem.

Não. As árvores. Desligou.

Sete horas depois o amigo arquiteto já havia conseguido trinta e seis mudas. Garantidas para entrega rápida, mais doze. Até agora, 48. Uma faria diferença? Com bandido não se brinca. O Ipê Amarelo tinha que ser conseguido.

Ao meio dia, todas as árvores estavam no terreno, ainda não plantadas. Todas em bonitos vasos de plástico. Às vezes, plástico é bonito.

O telefone toca. A menina está na Rua Francisco Lora.

A polícia fez cerco durante dias ao terreno baldio. Ninguém apareceu. Algumas mudas morreram, apesar das chuvas.

Às três da tarde, quinze anos depois, o carteiro passa pelo número 206 da Rua Manoel Cintra, antigo 104 da Rua Carlos Streach Motta. Coloca um envelope na caixa de correspondência do prédio. Lindo aquele Ipê Amarelo no jardim. Que bom gosto. Deveriam plantar mais dessas árvores por aí.

Fotos de Maristela Meireles @tchele

Morre Don Hewitt, criador do programa '60 Minutes'

(AFP) NOVA YORK, EUA — O americano Don Hewitt, considerado um dos pais do jornalismo televisivo e criador do programa "60 minutes", da CBS, morreu nesta quarta-feira aos 86 anos, anunciou o canal.

Hewitt, que sofria de um câncer diagnosticado este ano, começou a trabalhar na CBS em 1948, quando dirigiu o primeiro noticiário da tv americana, apresentado pelo locutor Douglas Edwards.

O noticiário noturno apresentado durante décadas pelo jornalista Walter Cronkite, falecido este ano, também foi produzido por Hewitt.

Em 1960, Hewitt produziu o primeiro debate presidencial televisado da história, entre o candidato democrata John F. Kennedy e o republicano Richard Nixon.

Hewitt fundou o "60 minutes" em 1968, popular programa dominical de jornalismo invetigativo do qual foi editor executivo até 2004, e que a CBS continua transmitindo semanalmente.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Escuta Vagubundo

César Polvilho não é César Polvilho. É Eduardo Sterblitch, ex-integrante do Deznecessários (Traficante Viado) e atual integrante do Pânico na TV, da Rede TV!.

Isso é tudo que sei sobre esse cara. Nas poucas entrevista que achei, ele não responde nada, tudo com muita seriedade. Perguntasse uma coisa, ele fala outra. Como se estivesse mesmo respondendo. Parece que ele não sai de seu principal personagem, César Polvilho, o jornalista irritado, que fala errado, faz coisas impensáveis e tem total ausência de trato social.

Esse personagem é o oposto do Vesgo e do Silvo, que deixaram o Pânico famoso. Mas nem por isso Polvilho é menos engraçado.

Seu mais novo sucesso é o Freddie Mercury prateado. Ele se pinta de prateado (jura?), põe um bigode postiço, dança como uma gralha com dor de barriga e fala com uma vozinha de libélula enciumada. Tudo acompanhado de um gordo também prateado e o Amaury Dumbo, uma espécie de Amaury Jr. do Pânico. De festa em festa, o trio faz todos rirem.

A final, o Pânico é um ótimo programa por mostrar claramente que deseja ser ruim. E que isso dá audiência. Quanto pior, melhor. Quanto mais escrachado e sem noção, melhor.

César Polvi..., quer dizer, Eduardo, ajuda muito nessa tarefa. Por isso gosto dele.

Venha Baiano!


Cadê mamãe?



César Polvilho na Parada Gay 2008



segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Formatura

Vemos que estamos perto de nos formar, quando temos que começar a fazer coisas referentes à formatura. Coisas diferentes de vender rifas. Coisas como agradecimentos para o convite:

Deram-me entre 600 e 700 caracteres para agradecer. Primeiro agradeço ao Twitter por deixar a tarefa mais simples, ao me ensinar a dizer o que quero em apenas 140 caracteres. Agradeço ao meu pai e à minha mãe por me ensinarem a dizer, e o mais importante, o que dizer. Agradeço ao meu irmão por aprender isso junto comigo. Agradeço aos meus parentes e aos meus amigos por sempre estarem dispostas a ouvir o que tenho a dizer. Não posso me esquecer dos meus mestres, foi muito importante ouvir o que tinham a dizer. Como ainda não atingi 600 caracteres, uso essa frase para tal, sem o objetivo de dizer nada. Acho que está bom, não tenho mais nada a dizer.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Dízimo do capeta, parte 2

Vi a reprise da matéria da Record dizendo o porquê da Globo querer atacar Edir Macedo. Tudo muito previsível. Falou da ligação da Globo com a ditadura, eleições no final dos anos 80 e essas coisas do capeta que todo mundo sabe que a Globo fez. E diz que a Record vem ganhando a audiência da Globo com boa programação (sic) o que despertou a "ira" da emissora carioca.

Mas o interessante, é quando a matéria entra realmente no assunto: a Record questiona como a Globo teve acesso aos documentos do Ministérios Público de São Paulo que acusam a Universal.

Pelo pouco que sei, não foi só a Globo que teve acesso, todo mundo noticiou, e a fonte oficial era o MP, e não a Globo. Ou seja, a emissora não teve acesso exclusivo, ao contrário do que a Record dá a entender.

Só que no meio disso tudo, a matéria acaba e não contrapõe os dados do Minsitério Público, que é o que realmente importa. Quem está acusando é ele.

Esperei pela próxima reportagem para ver se algo do gênero estava por vir, mas aí meu estômago embrulhou. A chamada dizia algo próximo de: "Agora vamos mostrar como a Igreja Universal do Reino de Deus aplica todo o dinheiro arrecadado em obras sociais".

Aí não dá. R$ 1,4 bi? Em obras sociais? E nada no bolso dos bispos? Como é que eles compraram mansões, carros e etc?

Claro que nem vi a reportagem. Isso não é jornalismo. Não chega nem a ser propaganda disfarçada de jornalismo. É piada, pura e simplesmente.


A guerra divina pela rede

Uma seguidora de Marcelo Tas no Twitter o pergunta:

Tas: o que vc me diz da briga entre Globo e Record?

O careca responde:

Em briga de elefante quem se machuca é a grama

Perfeito, não precisou nem de 140 caracteres. Analisou a situação com perfeição.


E agora, do Comunique-se


Líder evangélico compara Record com 'império do mal'

O pastor pentecostal da Assembleia de Deus, Silas Mafalaia, atacou a Igreja Universal do Reino de Deus, comparando a Record com um “império do mal”, informou a coluna Ooops, do UOL.

Malafaia fez um discurso de nove minutos e afirmou que a emissora exibe “todo tipo de imoralidade” e ” todo o tipo de lixo do inferno”.

Como é que uma igreja investe milhões numa TV só pra ganhar audiência? Todo tipo de imoralidade numa TV bancada com dinheiro de oferta e de dízimo?", declara Malafaia.

O pastor ressaltou que no passado defendeu a Record, mas que agora ela não tem nenhuma diferença da concorrente. "Lá atrás, quando eu defendi vocês, nós tínhamos um ideal, porque a outra emissora era imoral, era contra a família, e qual é a diferença hoje?".

Malafaia disse ainda que o episódio pode gerar uma “guerra contra a religião evangélica que nada tem a ver com isso”.

Nem eles se entendem. deus me livre!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Record, Globo e o dízimo do capeta


De novo. Depois de um vídeo mostrando Edir Macedo ensinando seus pastores a roubarem o dinheiro dos fiéis (ou bobos, que é como a Igreja os vê) e algumas acusações de lavagem de dinheiro, novamente a Igreja Universal é acusada de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Quem acusa é o Ministério Público de São Paulo. O que saiu nos jornais é a segunda parte da investigação, que além de Edir Macedo, acusa outras nove pessoas, entre elas Horonilton Gonçalves, vice-presidente da área artística da Record e o diretor de fato da empresa.

Como a própria investigação mostra, a Record foi comprada por Edir Macedo com o dinheiro do dízimo dos fiéis. No total, os evangélicos da Universal dão 1,4 bilhão de reais por ano à igreja em forma de dízimo. Alguns, como mostrado em várias reportagens, chegam a vender móveis, carros e até a casa para conseguirem a salvação divina. Alguns chegaram a comprar documentos assinados pelo próprio Jesus Cristo. Isso é sério. A caligrafia dele, dizem, não era lá essas coisas... Isso não é sério, inveitei.

O mais interessante disso tudo, não é a ação do Ministério Público em si. A TV Record está anunciando incessantemente durante o dia que as acusações são uma conspiração. E quem encabeça tudo, é a Globo. Afirmaram que às 19h45 de hoje mostrarão uma reportagem especial mostrando quais são os reais interesses da Globo em desqualificar a Record, a Universal, Edir Macedo e tudo que está envolvido.

Infelizmente não poderei ver essa reportagem. Mas se for parecida com as outras sobre o caso feitas pelo Record, vai ser engraçado. Eles foram totalmente parciais, com os âncoras e reportéres defendendo abertamente Edir Macedo e entrevistando apenas o advogado da Universal. Somente.

E quando dizem que a Globo está em uma "ação desespereda" para derrubar a Record, fica mais engraçado ainda. Quem está sendo acusado e correndo o risco da casa cair, acho que é a Record. Ela sim está desesperada.

Bem, aguardemos o desenrolar dos fatos e que deus abençoe quem estiver certo nessa guerra. Mas sem cobrar nada, por favor.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A verdade é um ponto de vista

Os fatos são.

Qualquer descrição sobre eles, refletem nosso ponto de vista.

A verdade, aceita por nós, é apenas uma versão sobre os fatos.

A verdade é um ponto de vista.

domingo, 9 de agosto de 2009

Li no domingo

Ele

Passando em uma rua, saía a mulher de sua garagem. A garagem dela, não a sua. Seu carro, um Palio branco, tinha escrito em seu vidro traseiro: “Foi Deus quem me deu”.

Engraçado, ao lado, em frente à casa da vizinha, estava uma mulher pobre, na casa dos 30 e poucos, com duas crianças bem pequenas. Pediam dinheiro.

A mulher, em seu divino carro, fingiu que não viu e foi. Não deu nem cinquenta centavos. Não está errada. Ora, se deus deu um carro para ela, obviamente fez por onde. Mereceu. Se a outra está pedindo dinheiro para alimentar os filhos, e nem deus dá, seja dinheiro ou comida, porque seria a humilde e mortal motorista a dar?

deus sabe o que faz.

Aquela mulher passa fome porque obviamente não tem fé suficiente. Bem feito para ela. E para seus filhos também. É bom para eles aprenderem quem manda.

Li

Eu li e vomitei. Li coisas horríveis. Elas não desceram. Eram as páginas de política de um jornal. Censura no Brasil, censura na Venezuela, conflitos externos NA Colômbia, Sarney, Collor e Renan Calheiros lado a lado. Difícil digerir as palavras. Fotos indigestas. Culpa do jornal, agora tô com dor de barriga. Cadê o Faustão para me fazer esquecer disso tudo? Cadê o Big Brother para me curar? Aquela novela tão interessante, que nos ensina como realmente é a vida na Índia, não deixando de nos entreter, cadê? Quero esquecer esse negócio chato de política e me preocupar com coisas realmente interessantes, que fazem parte da minha vida cotidiana. Por falar nisso, o Mengão ganhou do Corinthias.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Bate boca no Senado

Ontem o Senado pegou fogo. Abaixo, reprodução de uma discussão entre Tasso Jereissati e Renan Calheiros. Tirado da Estadão:

É, parece criança discutindo

CRISE NO LEGISLATIVO

Fogo Cruzado Veja a íntegra do bate-boca travado na tarde de ontem, no plenário do Senado, por Tasso e Renan

Tasso Jereissati (PSDB-CE):

"Eu pediria, senhor presidente, duas coisas. Primeiro, que fosse dado ao senador Artur Virgílio o mesmo tempo que foi dado ao senador Renan em função das graves colocações, graves e agressivas colocações que foram ditas. Outra coisa, senhor presidente: existem manifestações aqui nessa tribuna de honra, eu pediria que retirassem esse senhor aqui que está fazendo constantes manifestações, porque não está de acordo com o regimento."

Renan Calheiros (PMDB-AL):

"A respeito da manifestação do senador Tasso Jereissati, essas crises acontecem por isso, porque é a minoria com complexo de maioria. Quer expulsar agora um cidadão que está aqui participando de uma sessão que infelizmente é uma sessão histórica do Senado Federal."

Tasso:

"Que me desculpe, senador Renan. Senador Renan, não aponte esse dedo sujo pra cima de mim. Não aponte esse dedo sujo pra cima de mim! Estou cansado de suas ameaças."

Renan:

"Esse dedo sujo, infelizmente, é o de Vossa Excelência! São os dedos dos jatinhos que o Senado pagou."

Tasso:

"Pelo menos era com meu dinheiro. O jato é meu, não é dos seus empreiteiros.

Renan:

"O dinheiro é seu?"

Tasso:

"É meu, é meu, é meu, é meu! Eu tenho pra falar, tá?

Renan (Fora do microfone):

Coronel...

Tasso:

Eu, coronel? Cangaceiro, cangaceiro de terceira categoria..."

Renan:

"O senhor é coronel!"

(Renan baixa o microfone e diz: "Seu merda", segundo relato dos senadores próximos)

Tasso:

"Repete o que você disse. Decoro parlamentar, repete o que você disse!"

Renan:

"Não é coronel?"

Tasso:

"Repita o que você disse aí!"

Renan:

"Me respeite."

Tasso:

"Repita o que você disse aí!"

Renan:

"Você é minoria com complexo de maioria."

Tasso:

"Repita o que você disse aí!"

Renan:

"Você é minoria com complexo de maioria. Me respeite!"

Tasso:

"Presidente, o senador Renan Calheiros acabou de quebrar o decoro parlamentar, me dirigindo com palavras de baixo calão. Eu peço que seja feita uma representação sobre isso."

Renan:

"Presidência, eu peço desculpas e peço para Vossa Excelência retirar da sessão de hoje que ?minoria com complexo de maioria é falta de decoro parlamentar?."

(Apito incessante, TV Senado sai do ar)

foto: Montagem sobre foto de Renan Calheiros

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

E mais uma vez Sarney mente

Foto: Wilson Pedrosa / AE

Em seu discurso de quase 50 minutos, ontem, no Senado, o seu amigo José Sarney conseguiu um recorde: falar o maior número de besteiras no menor espaço de tempo. Nunca ninguém no Senado conseguiu o que Sarney conseguiu ontem. E olha que lá a briga por esse recorde é feia.

Claro que esse negócio de recorde é brincadeira, mas como aponta reportagem do jornal O Estado de São Paulo dessa quinta-feira, "O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), tentou confundir os senadores no seu discurso ontem em plenário. Durante os 48 minutos em que apresentou sua defesa para as denúncias contra ele no Conselho de Ética, cometeu uma série de deslizes".

E continua:

"Num jogo de palavras, misturou duas investigações da Polícia Federal para insinuar que as gravações divulgadas pelo Estado no dia 22 de julho - em que ele negocia a nomeação do namorado da neta - poderiam ter sido montadas. Os áudios publicados no jornal são autênticos, do começo ao fim de cada telefonema, sem edição, e a voz de Sarney é real".

E isso é só o começo moçada. A reportagem que pode ser vista na íntegra aqui, transcreve frase por frase do discurso do ex-futuro ex-presidente do Senado e destaca aquelas afirmações que são falsas. Olha um exemplo bonito. Sarney disse:

"Aguentei 12 mil greves, sem que nunca tivesse pedido um dia de prontidão militar, e crescemos, àquele tempo, a números que até hoje não se repetiram. Criamos uma sociedade democrática que, num sistema de capilaridade, penetrava em todas as camadas".

O jornal comenta: "Em 1988, quando os metalúrgicos de Volta Redonda (RJ) entraram em greve e ocuparam a Companhia Siderúrgica Nacional, o então presidente Sarney enviou o Exército para reprimi-los. No conflito, três jovens operários foram mortos e 31 saíram feridos".

Impressionante a cara de pau do seu amigo né? O mais legal da reportagem é o título: "Discurso de Sarney manipula dados". Isso aí Estadão, sem aliviar.

Já no outro lado...

Na Folha On-line, a reportagem que também fala sobre o discurso do bigodudo, tem a seguinte manchete: "Sarney nega atos ilícitos e vê campanha para desestabilizá-lo; leia íntegra do discurso". A capa do jornal nas bancas tem a manchete: "Sarney obtém 1ª vitória no Senado".

Parabéns Folha de São Paulo. Na ditadura ficou do lado deles, enquanto o Estadão colocava receita de bolo e Os Lusíadas na primeira página. Agora o tem como colunista e usa umas manchetes bem simpáticas quando ele é o assunto. E o texto que segue não chega nem perto da verdade. Assim você vai longe Folha! Longe da moral e da ética no jornalismo.


Foto: Celso Junior / AE

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Sarney, hoje

Comunique-se http://www.comunique-se.com.br

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai pedir que o desembargador Dácio Vieira, que concedeu liminar que censurou o Estadão, explique suas relações com a família Sarney. A determinação é uma resposta a uma representação encaminhada pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).

O CNJ vai avaliar se Vieira deveria ou não se dar por suspeito para julgar o pedido de liminar apresentado por Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney.

A suspeita recai sobre as relações pessoais entre o julgador e as partes interessadas no processo, o que impediria que Vieira julgasse o mérito. Na representação, Virgílio relata o relacionamento entre o desembargador, Sarney e Agaciel Maia, ex-diretor-geral do Senado.

Com informações do Estadão.

Comunique-se http://www.comunique-se.com.br

Em nota divulgada ontem (03/08) para justificar processo movido pelo seu filho contra o Estadão, o presidente do Senado, José Sarney, afirmou que respeita a liberdade de imprensa, “nunca tendo processado jornalista algum”. Entretanto, uma rápida consulta ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal desmente a afirmação do senador.



























Apenas em Brasília correm três ações contra o Jornal Pequeno, do Maranhão, e uma contra o colunista do Estadão e deputado de São Paulo João Mellão Neto. Os quatro processos se referem à publicação de matérias e/ou artigos sobre o senador.

Além disso, Lourival Marques Bogéa, diretor e proprietário do Jornal Pequeno, foi alvo de uma representação criminal movida por Sarney. O jornalista conta que seu pai, José Ribamar Bogéa, fundador do jornal, também foi processado pelo senador e acabou sendo condenado, mas foi absolvido em recurso no Supremo Tribunal Federal.

“Isso é quebra de decoro parlamentar”, avalia Lourival.

Além disso, somam-se incontáveis casos de processos eleitorais em que, apesar de não ser autor, Sarney é diretamente beneficiado. Um caso emblemático foi o da jornalista Alcinéa Cavalcante, que em 2006 foi réu em mais de 20 processos movidos pela coligação do então candidato à reeleição no Senado.

Alcinéa iniciou o movimento “Xô Sarney”, que se espalhou pela Internet. Por isso e por matérias publicadas em seu blog, ela chegou a ser indiciada pela Polícia Federal.

Estadão http://www.estadao.com.br

A posição do PT ontem (dia 04) foi fundamental para a permanência de Sarney no cargo. O partido não aceitou a proposta do DEM, do PSDB, do PDT e do PSB para formalizar um pedido de renúncia de Sarney do cargo, mantendo a posição favorável ao afastamento temporário do peemedebista. Isso fortaleceu Sarney. Caso o PT concordasse em avançar no pedido de renúncia, os demais partidos fariam o mesmo, tornando inviável o comando de Sarney. Os cinco partidos reuniriam a maioria dos 81 senadores. Seriam 46 votos (14 do DEM, 13 do PSDB, 12 do PT, cinco do PDT e dois do PSB). Mesmo com as dissidências dos senadores francamente favoráveis a Sarney, a situação do presidente do Senado ficaria mais frágil.

Também marcada para hoje, a reunião do Conselho de Ética do Senado deverá pedir o arquivamento de três das onze denúncias contra Sarney. O presidente do colegiado declarou ontem que a 'decisão já está tomada'. Ele deve argumentar que que as supostas irregularidades ocorreram antes do mandato atual de Sarney.

Folha http://www.folha.uol.com.br/

Ontem, senadores do PSDB, DEM, PDT, PT e PSB se uniram para endurecer o tom dos discursos no plenário da Casa. O movimento surgiu em resposta aos ataques de aliados de Sarney ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) no plenário do Senado na segunda-feira.

Os partidos prometem responder duramente aos ataques da tropa de choque de Sarney. Além disso, os senadores estudam divulgar uma nota com o pedido para que Sarney deixe o cargo temporariamente caso o Conselho de Ética arquive as denúncias contra o presidente da Casa sumariamente.

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), no entanto, disse que o partido não pretende dar fôlego a ideia da oposição de assinar uma nota conjunta cobrando o afastamento do senador.

Mercadante afirmou que, apesar da bancada defender o licenciamento temporário do peemedebista, não há "identificação" partidária do PT com o das outras bancadas para pedir essa postura do peemedebista.