segunda-feira, 29 de junho de 2009

Entrevista - Rita Colaço

Foto: Rita Colaço

No noticiário político internacional o Irã está no topo da lista. O que acontece lá é mostrado em tempo real pelo Twitter, YouTube, blogs e retransmitido pelas TVs (com exceção das de lá, claro). Pois bem, além do Irã, temos vários outros países que também estão com graves problemas políticos, como Honduras ou Coreia do Norte. Honduras é um caso mais recente, que ainda está sendo acompanhado pelos jornalistas e blogueiros como novidade. Mas a Coreia do Norte é caso antigo.

Há anos a dinastia Kim vem assombrando aquele país. Fome, miséria e destruição são cada vez mais comuns no governo de Kim Jong-il. E diferente de alguns países que conhecidamente tem todos esse ingredientes, a Coreia se destaca negativamente por outro aspecto: o bélico. O governo de Pyongyang insiste em realizar lançamentos de mísseis e fazer teste com energia nuclear, apesar dos protestos do restante do mundo.

Para ficar por dentro do que acontece lá, entrevistei por e-mail a jornalista portuguesa Rita Colaço. Rita foi enviada à Coreia do Norte em agosto de 2006 pela rádio portuguesa Antena 1, a fim de cobrir os acontecimentos. Depois de sair do país, foi à vizinha Coreia do Sul para entrevistar dissidentes do regime norte-coreano. Hoje, ela acompanha as últimas notícias através de sites internacionais, principalmente os sul-coreanos e japoneses. Para compartilhar essas informações, ela se utiliza de seu blog e do Twitter.

Abaixo, a entrevista com Rita. Apesar de ser um bate-papo informal, com perguntas leves, que não procuraram aprofundar muito o assunto, as respostas dela são esclarecedoras. Confira:

Nada DiNovo
: As ações da ONU e de alguns países, como EUA, Coreia do Sul e Japão tês sido as mais corretas para "segurar" o ímpeto bélico de Pyongyang?

Rita Colaço: As sanções impostas pela comunidade internacional podem acicatar ainda mais os ânimos norte-coreanos mas, nesta altura, não vejo outra atitude que não a do “castigo” diplomático e financeiro para travar o tom de desafio em que a Coreia do Norte tem vivido. Penso que, dadas as circunstâncias, EUA, Coreia do Sul e Japão tomaram as decisões mais correctas para com o governo norte-coreano, já que têm afastado a hipótese de avançar para uma acção militar. No entanto, as sanções podem sufocar ainda mais o povo norte-coreano que, por via da loucura de um homem e de um regime ditatorial, enfrentam a fome e o medo.

Você acredita que a Coreia fará novo teste nuclear?

Acredito que se a Coreia do Norte tiver material suficiente para realizar um novo teste, não hesitará em avançar para ele. No entanto, é um país que vive mais na corda das ameaças, como forma de chamar a atenção.

Você sabe como o governo brasileiro vem reagindo às ações da Coreia?

No dia em que a Coreia do Norte anunciou ao mundo que tinha realizado o segundo teste nuclear, o embaixador Arnaldo Carrilho preparava-se para iniciar a sua missão diplomática em Pyongyang mas foi obrigado a adiar a viagem por ordem do governo brasileiro. Creio que terá sido uma forma de condenar a atitude do regime norte-coreano sem fazê-lo abertamente. Julgo que nos últimos anos o Brasil e a Coreia do Norte têm vindo a fortalecer os laços no campo diplomático e empresarial mas isso não significa que o Brasil concorde com os actos por vezes tresloucados da Coreia do Norte.

A China é um país que ainda negocia comercialmente com a Coreia do Norte, certo? Existe algum outro país?

Para além da China, a Rússia e a Coreia do Sul também têm negócios com a Coreia do Norte. Curiosamente,
o Brasil já é, nesta altura, o quarto parceiro comercial daquele país, de acordo com o próprio embaixador Arnaldo Carrilho.

Há uma saída para que esse governo autoritário da Coreia do Norte acabe?

Há uma saída que tem de ser escavada pelo próprio povo. Uma revolução contra o entrave à liberdade de expressão e de movimentos. Por isso, considero que tão depressa não vamos ver o fim do autoritarismo e da “monarquia” norte-coreana. Graças à dinastia Kim, o medo ainda é rei na Coreia do Norte.

Um comentário:

Marcelo Martins disse...

quéissohemrapaiz!parabens!manerassa!