Nada DiNovo: As ações da ONU e de alguns países, como EUA, Coreia do Sul e Japão tês sido as mais corretas para "segurar" o ímpeto bélico de Pyongyang?
Rita Colaço: As sanções impostas pela comunidade internacional podem acicatar ainda mais os ânimos norte-coreanos mas, nesta altura, não vejo outra atitude que não a do “castigo” diplomático e financeiro para travar o tom de desafio em que a Coreia do Norte tem vivido. Penso que, dadas as circunstâncias, EUA, Coreia do Sul e Japão tomaram as decisões mais correctas para com o governo norte-coreano, já que têm afastado a hipótese de avançar para uma acção militar. No entanto, as sanções podem sufocar ainda mais o povo norte-coreano que, por via da loucura de um homem e de um regime ditatorial, enfrentam a fome e o medo.
Você acredita que a Coreia fará novo teste nuclear?
Acredito que se a Coreia do Norte tiver material suficiente para realizar um novo teste, não hesitará em avançar para ele. No entanto, é um país que vive mais na corda das ameaças, como forma de chamar a atenção.
Você sabe como o governo brasileiro vem reagindo às ações da Coreia?
No dia em que a Coreia do Norte anunciou ao mundo que tinha realizado o segundo teste nuclear, o embaixador Arnaldo Carrilho preparava-se para iniciar a sua missão diplomática em Pyongyang mas foi obrigado a adiar a viagem por ordem do governo brasileiro. Creio que terá sido uma forma de condenar a atitude do regime norte-coreano sem fazê-lo abertamente. Julgo que nos últimos anos o Brasil e a Coreia do Norte têm vindo a fortalecer os laços no campo diplomático e empresarial mas isso não significa que o Brasil concorde com os actos por vezes tresloucados da Coreia do Norte.
A China é um país que ainda negocia comercialmente com a Coreia do Norte, certo? Existe algum outro país?
Para além da China, a Rússia e a Coreia do Sul também têm negócios com a Coreia do Norte. Curiosamente, o Brasil já é, nesta altura, o quarto parceiro comercial daquele país, de acordo com o próprio embaixador Arnaldo Carrilho.
Há uma saída para que esse governo autoritário da Coreia do Norte acabe?
Há uma saída que tem de ser escavada pelo próprio povo. Uma revolução contra o entrave à liberdade de expressão e de movimentos. Por isso, considero que tão depressa não vamos ver o fim do autoritarismo e da “monarquia” norte-coreana. Graças à dinastia Kim, o medo ainda é rei na Coreia do Norte.